ENTENDA O MODUS OPERANDI DA COMPRA E VENDA DE ESCOLAS

Nada vai mudar. Tudo vai mudar!

1) As transações de compra e venda das escolas são fechadas SEMPRE após garantidas as rematrículas dos alunos no 1º semestre. NUNCA anunciam uma venda antes da garantia da matrícula, no fim do ano! Afinal de contas, o que se vende não é a escola física, mas as cabeças dos alunos, igual gado, entende? Porteira fechada! Antes víamos a cara dos donos, agora, com os grandes grupos e econômicos e fundos de investimentos fica mais difícil para os pais terem a ideia da dimensão econômica envolvida por trás de uma marca.

2) Afirmam que nada vai ser mudado, que tudo permanecerá como está. Isso não condiz com a verdade e realidade: mudam tudo, em até 1 ano, após a venda. Dispensam professores, coordenadores, mudam livros e metodologia. Foi assim com o Sigma que, depois de um tempo, dispensou os professores mais antigos, cerca de 70!
A escola não parou de mudar, desde sua primeira venda em 2013.

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A SAGA DO SIGMA E OUTRAS ESCOLAS DO GRUPO

Aqui no DF, o Colégio Sigma foi vendido para a Abril Educação, em junho de 2013, (após garantidas as matrículas): 1ª VENDA. Em menos de 2 anos ocorreu a  2ª VENDA, em fevereiro de 2015 (após garantidas as matrículas), a Abril Educ. foi vendida para um Fundo Internacional de Investimentos (abutre), cujo capital de 18% pertence ao Fundo Soberano de Singapura, país que tem uma das melhores escolas públicas do mundo! O Fundo denominou o grupo, que é dono de várias escolas no Brasil, de SOMOS EDUCAÇÃO.

Em abril de 2018, a KROTON, maior grupo educacional do Brasil, compra a SOMOS EDUCAÇÃO (3ª VENDA). A promessa, novamente, aos pais é de que nada vai mudar! Os pais dos alunos da escola, que vem mudando desde 2013, podem esperar que nada mudará? Lembrando que a KROTON tem faculdades. Isso é ótimo para grupo que vai desovar seus alunos em suas faculdades em pouco tempo!

Não somos contra a inciativa privada investir em educação, desde que não precarize o ensino, não dispense os bons professores e não desestabilize a comunidade escolar! Num primeiro momento, após a compra não há nenhuma mudança para não espantar a clientela, depois que os pais pensam que tudo permanecerá como antes, começam as mudanças aos poucos. É natural que o novo dono coloque o negócio à sua cara!

Recentemente, o Colégio Sërios também foi vendido para um Grupo de Goiânia, MILENIUM, em agosto de 2017. O colégio, que se despontou com a promessa inovadora de ensino de mandarim, deixou os pais na mão nessa promessa por volta de 2015, após garantidas as matrículas, quando deixou de ofertar o componente curricular da língua chinesa!

Outras escolas estão na mira da KROTON e de outros Grupos como o SEB, que comprou em 2017 a Escola Canadense Maple Bear e antes havia comprado o CECAN, em setembro de 2014, após garantidas as matrículas! Tememos pela alta concentração do “mercado”, que se o CADE não agir em breve todas as escolas estarão nas mãos de um ou dois grupos econômicos. Isso é péssimo para a qualidade de educação, pois o que está em jogo é a lucratividade e venda de produtos e serviços.

Quando uma escola começa a comprar outros espaços, abrir novas filiais, os pais devem ficar atentos, pois a captação de novos alunos é a forma de tornar as escolas atraentes para investidores e facilitar a venda da marca. Foi assim com o Sigma que comprou o INEI, abriu uma filial em Águas Claras e, em seguida, colocou-se à venda. Tudo de forma altamente sigilosa!

A quem não interessa uma escola pública de qualidade?

Luis Claudio Megiorin

Presidente da ASPA-DF, Presidente da Comissão de Educação da OAB-DF e membro do Conselho de Educação do DF.

 

Kroton fecha compra da Somos Educação

A operação ainda terá que ser aprovada pelo Cade

Publicado em 23/04/2018 - 13:20

Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  Brasília

http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2018-04/kroton-fecha-compra-da-somos-educacao