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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Matrícula - Como o governo federal cortou 75% da oferta de vagas anuais no ensino infantil, pré-escola e no fundamental I

 Por Luis Claudio Megiorin[i]                                                     DIREITO À EDUCAÇÃO

Como o governo federal cortou 75% da oferta de vagas anuais no ensino infantil, pré-escola e no fundamental I

DESCONSTRUINDO O PACTO PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE “CERTA”

Segundo dados divulgados recentemente da PNAD/IBGE, 80% das crianças de 4 a 5 anos estão na escola. Só não atingimos 100% de matrícula em virtude de contingenciamento de vagas. Deve-se levar em conta que nesses dados estão incluídos os alunos das escolas privadas, o que ajuda a elevar o índice. Entretanto, se considerássemos apenas os alunos que serão matriculados nas escolas públicas esse índice certamente seria menor.

Isso porque, o Governo Federal, ao contrário de sua propaganda, ao invés de aumentar o acesso à educação, fez foi contingenciar as matrículas na educação infantil, pré-escola (Jardim I e II) e ensino fundamental I (alfabetização). Desde 2011, os Estados e Municípios e DF, somente atendem a 25% da demanda anual, ou seja, 1/4 dos alunos nas redes públicas e privadas de ensino!

RESOLUÇÃO DO CNE

O motivo desse corte é que O CNE – Conselho Nacional de Educação, órgão Consultivo/Normativo do MEC, editou outubro de 2010 a malfadada e combatida Resolução de nº 6. A norma impede que crianças que façam aniversário após 31 de março de cada ano ingressem na educação infantil, pré-escola e no 1º ano do Ensino Fundamental I (alfabetização).
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Em consequência disso, as crianças que não fazem aniversário até essa data são impedidas também de ingressarem na escola criando uma desigualdade com as crianças que fazem aniversário no 1º trimestre de cada ano e as crianças que não tiveram “sorte de nascerem” até 31 e março. Essas crianças não são acolhidas nas escolas públicas, dando um alívio de demanda para os governos.

Para os pais de alunos da escola privada o jeito encontrado pelas escolas é, no mínimo, uma afronta ao Direito do Consumidor, pois criaram uma fase intermediária desde a educação infantil para reter, por um ano, as crianças que fazem aniversário a partir de 1º de abril, até que  satisfaçam a exigência da norma draconiana do CNE. Isso obviamente gera um custo a mais para os pais de alunos.

Sorte igual não contempla os alunos de baixa renda, pois para esses o governo não previu fase intermediária para mantê-los na escola até que complete a “idade certa”. Assim, essas crianças ficam desamparadas e fora da escola esperando por mais um ano para o ingresso nos primeiros anos na escola, fase importantíssima para que recebam os primeiros estímulos aumentando, em muito, as chances de sucesso do investimento feito na educação.

PACTO PELA EDUCAÇÃO NA IDADE CERTA

Ato contínuo, o governo federal laçou em 2013 o Pacto para a Alfabetização na Idade “Certa”. Uma meta pouco ambiciosa criticada por especialistas e cientistas brasileiros. Um flagrante contraste com a alfabetização bem sucedida nas escolas privadas onde, em geral, as crianças eram alfabetizadas aos 6 anos e quando completam 7 anos já estavam lendo e escrevendo fluentemente para a essa fase[ii]. http://goo.gl/9cSqTr , http://goo.gl/CzzTnA , http://goo.gl/i4KzGc

Cabe salientar que esse pacto além de nada ambicioso não tem respaldo científico, mas tão somente foi uma meta para tentar forçar as escolas públicas a alfabetizarem seus alunos dentro de um tempo razoável, pois segundo dados do próprio governo e do INEP grande parte das crianças não conseguem ler e escrever até os 10 de idade com reflexo aos 15 anos.

Mas nada como a pressão internacional para dar uma forcinha. Em 2009 o PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, já havia testado nossos estudantes e afirmou que boa parte dos alunos com 15 anos da rede pública mal sabem ler e entender o que se escreve.

O QUE DIZ A CIÊNCIA QUANTO À MELHOR IDADE PARA A CRIANÇA SER ALFABETIZADA É ATÉ OS 6 ANOS

Por outro lado, nada como a ciência para pôr luz onde reina a ignorância. No final de 2011 a ABC - Academia Brasileira de Ciências divulgou uma pesquisa APRENDIZADO INFANTIL (veja mais detalhes ao final), realizada ao longo de 5 anos por renomados cientistas, pesquisadores de diversas áreas, tais como: educação, psicologia, neurociência, matemáticos e estatísticos.

A pesquisa foi baseada em parâmetros internacionais e chegou à conclusão que a criança deve ser alfabetizada até os 6 anos de idade, ou seja, quando completar 7 anos deverá estar alfabetizada. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a ênfase nos investimentos nos primeiros anos de vida é essencial para um aprendizado eficaz.

Assim, a renomada pesquisa confronta com a opção política de contingenciamento de vagas encomendada pelo governo Federal ao CNE a fim de aliviar a pressão da demanda dos pais de alunos sobre o sistema público para acesso à educação. Com essa atitude, o governo federal teve um alívio na crescente oferta do ensino nos anos iniciais e ainda obrigou a rede privada a seguir essa determinação sob pena de multa e descredenciamento.

JUDICIALIZAÇÃO DA QUESTÃO

A pretensão governamental foi resistida pelos pais de alunos de todo o país, uma vez que até antes da resolução nº 6 do CNE reinava o bom senso. Em geral, as escolas matriculavam os alunos até a data de 30 de junho. Mas em alguns casos, as escolas no uso de sua atribuição e responsabilidade, flexibilizavam essa data.

Dessa forma, ao menos 50% da demanda anual era atendida, nas duas redes de ensino, pública e privada. As escolas e professores tinham autonomia para avaliar os alunos, direito e confiança que hoje os pedagogos e professores não gozam mais. Assim, a régua da igualdade não permite mais que alunos tenham o seu percurso educacional de acordo com a capacidade de cada um conforme assegura a Constituição Federal e a LDB.

Diante desse impasse, milhares de ações lotam o Judiciário brasileiro a fim de que a norma seja flexibilizada, pois em muitos casos, por questões de dias ou semanas as crianças são prejudicadas. Infelizmente nossos tribunais ainda não conhecem a pesquisa da ABC e as decisões têm sido dadas apenas com base na legislação. Entretanto, deve-se levar em conta que os educadores do CNE não observam a ciência, pois até que se prove o contrário, deve prevalecer o direito de amplo acesso à educação  em face dos interesses e opções políticas.

Diante desse impasse, em cerca de 12 Estados a Justiça suspendeu os efeitos da norma. Notamos que a resistência maior se dá nos Estados onde o governo federal tem maior influência e aliados, como no caso do Distrito Federal. Em Estados como Minas Gerais, a data limite voltou a ser 30 junho.

STF
A repercussão desse fato jurídico foi tão grande que acabou vindo para o STF através da ADPF Nº 292 ajuizada pela PGR. A PGR invocou a Ação a fim de que seja reconhecida que o Governo Federal descumpriu o preceito fundamental de acesso à educação. O Ministro Relator é Luiz Fux. Certamente se o novo governo não revir essa norma, flexibilizando o acesso, o STF dará a última palavra. Lembrando que o Ministro Relator quando ainda estava no STJ julgou processo quanto à questão dando ganho de causa aos pais.

O CNE havia declarado disposição em rever a norma. Entretanto, até o momento não houve nenhuma manifestação por parte do órgão. Isso nos leva a crer que nenhuma decisão será tomada, na esperança do STF manter a decisão do Poder Executivo em enxugar o número de vagas. Enquanto isso, as crianças das escolas públicas, as mais prejudicadas, amargarão atraso e prejuízo no seu estímulo na idade certa.

Mais uma vez, uma análise baseada em opções políticas uma extensão do pensamento do Poder Executivo, logo, sem o respaldo dos parâmetros científicos.  Nossa esperança é que o Ministro Fux não leve a julgamento essa questão nesse momento político. Pois é possível que uma eventual troca de governo essa questão possa ser revista de forma honesta à luz do interesse relevante interesse público, sobretudo da ciência.   http://goo.gl/Jg6cMj

QUESTÃO EM OUTROS PAÍSES

Importante lembrar que não se quer apressar ou prejudicar o aprendizado das nossas crianças, ao contrário, é necessário o estimulo na idade certa, pois segundo os cientistas, o custo do investimento é alto e a certeza do retorno é garantida quando se investe mais cedo nas crianças, principalmente naquelas que não têm, pais escolarizados e acesso à leitura e brinquedos educativos estimulantes.

Nos países mais avançados não existe uma data limite rígida. Na Finlândia, por exemplo, em média a criança inicia na escola aos 7 anos, mas a grande maioria, já chega na escola alfabetizada no lar, pois os pais finlandeses têm excelente nível de estudos em comparação com outros países europeus.

Para países como o Brasil, onde os pais não estimulam e não têm como estimular seus filhos, o ideal é que a criança seja iniciada mais cedo na escola, pois é mais difícil recuperar o tempo perdido. Diante disso, estamos envidando esforços para que nossas crianças não tenham embaraços de acesso à educação. Agora, só nos resta esperar para que o STF entenda a questão e julguem a ADPF 292 conforme pedido entabulado na petição inicial.
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CBN
BIANCA SANTOS

29/10/2011

*APRENDIZAGEM INFANTIL  



SEGUNDA, 24/10/2011
A importância do investimento no aprendizado infantil

TERÇA, 25/10/2011
Estímulo desde os primeiros anos.
Estudo revela que Brasil usa métodos de alfabetização ineficiente
RESUMOS DA IMPRENSA:
http://goo.gl/VrfpC3



[i] Luis Claudio Megiorin, advogado, foi membro da Comissão de Direito do Consumidor da OAB-DF, ativista do Controle Social da educação por parte dos mantenedores, pais de alunos, dos dois sistemas de ensino público e privado é presidente da Aspa-DF Associação de Pais e Alunos do DF e Coordenador da Confenapa Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos, membro dos Fóruns Nacional e Distrital de Educação e do Conselho do Fundeb. (trabalhos exercidos de forma voluntária e apartidária – não é postulante a cargos políticos)

[ii] Correio Braziliense 06/07/2012 IDADE CERTA PARA ALFABETIZAÇÃO. O Ministério da Educação (MEC) instituiu ontem, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O acordo reafirma o compromisso do Executivo com governos estaduais, municipais e distritais para garantir a alfabetização em língua portuguesa e em matemática de crianças até 8 anos. O cenário atual no Brasil é grave: metade dos pequenos brasileiros não estão aptos a realizar essas tarefas nessa idade. O DF, no entanto, é a unidade da Federação com o melhor índice — menos de 2% de analfabetos no ensino fundamental.

Coma normatização do pacto, o MEC pretende reduzir a distorção idade-série na educação básica, bem como melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Desde que assumiu o ministério, em janeiro, Aloizio Mercadante frisa a importância desse projeto. O ciclo de alfabetização nas escolas públicas do Brasil inclui os três primeiros anos do ensino fundamental. De acordo com informações de 2011 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), há hoje mais de 3 milhões de estudantes matriculados no 3º ano, série que deveria atender apenas crianças de 8 anos.  No DF, são 49.583 alunos matriculados nessa etapa.

O presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), João Batista de Oliveira, critica o programa. Segundo ele, indícios científicos comprovam que a idade ideal para iniciar a alfabetização é anterior ao limite estipulado pelo ministério. João ainda argumenta que a pasta não realiza discussões com especialistas objetivando definir os melhores métodos para o processo. “Na escola particular, o processo começa aos 6anos. Por que na pública é diferente? Será que não é melhor antecipar e fazer benfeito?”, questiona.

João se baseia nos estudos do neuropsicólogo Stanislas Dehaene para embasar sua avaliação. O especialista europeu participa hoje, no Rio de Janeiro, do seminário Os Neurônios da Leitura. Em sua pesquisa, ele investiga as bases neurais de funções cognitivas humanas, tais como cálculo, leitura e linguagem, e demonstra que o cérebro da criança está pronto para começar a ler a partir dos 5 anos.

Segundo o presidente do IAB,a alfabetização deve ser iniciada o quanto antes, levando em consideração
os problemas que o atraso pode causar na formação do aluno nas séries seguintes. “O aluno precisa fazer bem desde o início. Do contrário, lá na frente, não vai aprender mesmo”, argumenta. Levantamento realizado em 2010 pelo IAB, considerando 350 mil alunos em 360 municípios, revelou que 50% dos estudantes do 5º ano do ensino fundamental não sabiam fazer um ditado com palavras simples. Nesta série, bem como no 9º ano, meninas e meninos são avaliados pela Prova Brasil. [...]

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