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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Universitários cada vez mais precoces

EDUCAÇÃO »CORREIO BRAZILIENSE Universitários cada vez mais precocesLevantamento do Ministério da Educação mostra que aumentou 60%, em quatro anos, o número de jovens que ingressam em cursos superiores aos 17 anos antes de completarem o ensino médio. Cientistas divergem sobre resultados do avanço

DANIELA GARCIA
Publicação: 03/08/2014 04:00

Entre tantas incertezas da época da adolescência, Thiago Machado da Costa, aos 16 anos, tinha uma convicção. “Eu queria fazer o curso de física”, recorda. Ainda faltavam quatro meses para concluir o 3º ano do ensino médio, quando ele passou no vestibular do meio do ano da Universidade de Brasília (UnB). Para garantir a matrícula na instituição, Thiago tinha que apresentar o diploma de conclusão da escola. Fez um teste no colégio que estudava e, assim, provou que estava pronto para entrar no ensino superior. Hoje, aos 22 anos, ele terminou o mestrado em licenciatura em física há um mês e afirma que está longe de ser reconhecido como um garoto de altas habilidades. “Sou o resultado do esforço dos meus pais e da minha vontade”, afirma.




A presença de universitários precoces como Thiago é uma tendência crescente nas instituições de ensino superior do Brasil. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), a quantidade de jovens que ingressaram aos 17 anos aumentou 60%, entre 2009 e 2012. O levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a pedido do Correio, com base nos censos escolares do ensino superior em que foram consideradas as faixas etárias dos calouros. 

A tendência de ingresso cada vez mais precoce na universidade pode ser percebida na família de Thiago. O irmão do meio, Cássio Matheus Machado da Costa, 20 anos, também garantiu uma vaga na Faculdade de Turismo da UnB, antes de completar o 3º ano do ensino médio. No entanto, para ser aceito no curso, teve mais dificuldades de conseguir o diploma de conclusão da escola. Desde dezembro de 2010, o Conselho de Educação do Distrito Federal impede que as escolas façam provas de avanço escolar para alunos que não tenham 18 anos completos ou que não tenham cursado 75% do ensino médio. Desde então, Thiago se engajou na causa para defender o irmão, que conseguiu o diploma por meio de ação judicial. E o mestre em física avisa que a caçula de 15 anos deve seguir o mesmo caminho.

Realidade nacional

Fora do Distrito Federal, as escolas, em sua maioria, também se negam a oferecer testes de avanço escolar. Mas, em cada estado, a Justiça tem uma compreensão diferente na hora de decidir como esses alunos podem conseguir o diploma. Em Goiás, os adolescentes menores de 18 anos podem até entrar com uma liminar para garantir a vaga na faculdade no meio do ano, mas desde que tenham fôlego para aguentar uma dupla jornada como fez Pedro Henrique Simões Schneider, 18 anos. Por mais de quatro meses, ele se dividiu entre os estudos do curso de ciências aeronáuticas e a conclusão do 3º ano do ensino médio. Assim que terminava a aula na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), o garoto tinha que seguir para a escola no turno da noite. “Meu curso na faculdade me motivou bastante. Nunca faltei a uma aula do colégio. Valeu o sacrifício”, avalia Pedro, hoje no terceiro período do curso.

“Quanto mais obstáculos colocam, mais aumenta a vontade desses jovens de entrar ainda mais cedo na universidade”, avalia a advogada da Associação dos Familiares e Alunos do Ensino Médio aprovados na UnB (AfaUnB), Ana Esperança Pinheiro. Para o presidente da Associação de Pais do Distrito Federal (Aspa-DF), Luiz Cláudio Megiorin, a entrada precoce no ensino superior dificilmente será impedida a partir da negativa das escolas. “Hoje, temos notícias de juízes que deram causa até para jovens de 15 anos”, argumenta.

Foi com essa idade que Tiago Dirceu Saraiva entrou no curso de medicina na Universidade Federal do Ceará (UFCE), campus Sobral. Hoje, aos 16 anos, ele está no quarto semestre e diz não ter se arrependido da escolha. “O ensino médio já não era mais desafio para mim”, avalia. O pai Santiago Saraiva  diz que Tiago superou as expectativas. “Ele surpreendeu com a adaptação. Não apresentou nenhuma dificuldade, como alguns profissionais de psicologia previam”, afirma.

"Ele surpreendeu com a adaptação. Não apresentou nenhuma dificuldade, como alguns profissionais de psicologia previam"
Santiago Saraiva pai do estudante de medicina Tiago Saraiva
Ponto críticoVocê é a favor da entrada precoce de jovens no ensino superior?

Publicação: 03/08/2014 04:00
SIM
Grosseiramente, sabemos que o ensino fundamental corresponde aos primeiros passos em direção ao conhecimento sistematizado e que ao ensino superior cumpre profissionalizar; mas, e o ensino médio? Última etapa da educação básica, o ensino médio ainda é fortemente orientado para o sucesso nos processos seletivos do nível superior, notadamente nas instituições públicas federais. Socialmente, reconhece-se sua qualidade pelo número de aprovados nesses processos. Considerando-se a ausência de identidade e o forte protagonismo desses processos seletivos nas universidades, qual a razão para impedir o avanço do estudante que demonstrou conhecimento antes do tempo previsto? Assim, o jovem de 17 anos aprovado no vestibular no meio do ano deve ser premiado pela vitória em uma das peneiras sociais mais cruéis que a sociedade impõe e, não o contrário, haja vista a desestruturação apontada.

Carlos Augusto de Medeiros, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB)

NÃO
A conclusão do ensino médio é pré-requisito básico para o ingresso no ensino superior e a antecipação dessa entrada, no Brasil, vem se dando por decisões judiciais que em nada levam em conta as questões pedagógicas e a maturidade necessária que esses estudantes precisam ter para lidar
com esse nível de ensino e toda sua complexidade. Essa realidade tem desencadeado uma série de consequências, como escolas que se tornaram verdadeiras fábricas de diplomas de ensino médio, aluno que abandona o curso porque não consegue acompanhar, tendo em vista a dificuldade que tem com alguns componentes curriculares, por perceber que não era a área que queria, prolongamento no tempo de conclusão do curso e profissionais que estão saindo com diploma, mas sem maturidade para enfrentar o mercado de trabalho.

Catarina de Almeida Santos, professora da Faculdade de Educação da UnB
Polêmica entre especialistas
Publicação: 03/08/2014 04:00
A entrada precoce de jovens no ensino superior é alvo de questionamentos dos psicólogos, mas também é um problema derivado das carências do ensino médio, segundo especialistas de educação. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Alavarse, o movimento crescente de pessoas mais novas na universidade se deve ao entendimento de que o ensino médio tem o objetivo exclusivo de preparação para a universidade.  “As escolas, principalmente as do ensino privado, incentivam isso. O ensino médio carece de identificação assim como o ensino fundamental”, atesta.

Em casos de jovens que prestam vestibular no meio do ano, a questão da maturidade também deve ser avaliada, segundo a ex-professora da Faculdade Newton Paiva em Psicologia e Pedagogia Sônia Flores. “A cada momento, eles mudam de comportamento e de aspirações. É um período muito sensível.”(DG)

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