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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

FLEXIBILIDADE NO ENSINO DO DF

Foto: Tiago Oliveira/SEDF/Divulgação
Quinta-feira, 4 de agosto de 2016

EDUCAÇÃO » Correio Braziliense

Camila Costa

(Começou a ser construído, no Guará, o Centro de Excelência Profissional Articulado)

Obras do centro no Guará. Outras três unidades devem ser erguidas, no Paranoá, em Santa Maria e em Brazlândia

Começou a ser construído, no Guará, o Centro de Excelência Profissional Articulado, que deve ficar pronto no início do próximo ano letivo. Serão ofertados três cursos técnicos, e os estudantes do ensino médio poderão escolher o percurso formativo que pretendem seguir




O próximo ano letivo no Distrito Federal trará novidades. Começou a ser construído, no Guará, o Centro de Excelência Profissional Articulado, previsto para ser entregue até o começo das aulas. A intenção é permitir que o aluno da rede pública possa escolher diferentes trajetos formativos. A unidade de ensino será uma escola técnica, com três tipos de cursos de formação profissional, com flexibilização de currículo, desde que atendidos os conteúdos determinados na Base Nacional Comum Curricular — currículo mínimo para todos os alunos da educação básica no país, que começou a ser discutido no ano passado.

O sistema será por créditos, assim como no ensino superior. Outra novidade é a concomitância. O centro será uma base de apoio para as quatro instituições públicas de ensino do Guará e a da Cidade Estrutural, atendendo até 2 mil alunos. No novo formato proposto pela Secretaria de Educação do DF (SEDF), os estudantes poderão, a depender do curso, do currículo escolhido e das condições da unidade de ensino em que estuda, desenvolver o curso técnico na própria escola, sempre no contraturno. As horas demandadas a cada atividade flexível gerarão créditos, que serão somados às atividades-bases.

“Hoje, os estudantes são diferenciados apenas pelas notas e pela frequência. Nesse projeto piloto, o aluno terá componentes curriculares diferentes”, afirma o secretário de Educação, Júlio Gregório. “Ele que montará a própria trilha, de acordo com o que mais tem afinidade, respeitando a Base Comum. Poderá desenvolver um trabalho em cima da obra de Guimarães Rosa ou fazer aulas de basquete de alta performance, por exemplo”, complementa.

O prédio está sendo erguido entre as quadras 17/19 do Guará 2 e custará R$ 11,6 milhões, sendo R$ 7,5 milhões verbas do governo federal. Além dos gastos com a estrutura, o GDF terá de se preparar para o investimento na mão de obra. Isso porque o ano letivo começou incerto para os alunos, com deficit de pelo menos 1 mil professores, além de problemas na negociação feita com o governo para encerrar o ciclo de greves de 2015.

O quadro de docentes do novo centro ainda não está definido. O que se sabe é que será preciso fazer um concurso para montar essa equipe. Uma das saídas para o problema seria a utilização de profissionais do mercado, por um período determinado, o que não faria daquele profissional um servidor efetivo do quadro da SEDF.

Serão ofertados cursos de técnico em enfermagem, computação gráfica e finanças integrado à Educação de Jovens e Adultos (EJA), com duração de três anos. Haverá também uma mudança no formato da grade. No primeiro e no segundo semestres, os alunos terão mais conteúdos da educação básica. No terceiro e no quarto, essas disciplinas praticamente se igualam às flexíveis, escolhidas  pelos alunos por afinidade. Do quinto semestre em diante, prevalecerão as disciplinas em que o aluno demonstrar mais aptidão. “Esse é o modelo que queremos para o ensino médio. Hoje, os estudantes passam muito tempo fazendo matérias que não usarão nunca mais na vida. Dessa forma, ele mudará o conteúdo, diminuirá as matérias, tudo com orientação, de forma flexível”, observa o secretário.

Mobilidade

No projeto, estão previstos laboratórios, auditório, praça de alimentação e ginásio coberto. Apenas uma unidade de ensino do Guará é perto o suficiente para não gastar sequer 5 minutos andando. Das outras, o tempo médio é de 17 minutos a 2 horas, no caso da Estrutural. A proposta do centro inclui a construção de estações de bicicletas compartilhadas, a exemplo das usadas em alguns pontos da cidade, como o Parque da Cidade e a Torre de TV. Outros três projetos de construção de Centros de Excelência Profissional Articulado estão em fase de licitação para obras, no Paranoá, em Santa Maria e em Brazlândia. Hoje, há quatro escolas técnicas no DF: em Planaltina, em Ceilândia, em Taguatinga e no Gama.

A Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF) aprovou a construção dos centros e a flexibilização dos percursos formativos no ensino médio. “É a saída. Teremos milhões de estudantes com um canudo embaixo do braço e não haverá vaga de emprego para todo mundo. Precisamos de técnicos em todas as áreas”, pondera Luis Claudio Megiorin, presidente da associação.
Segundo ele, que também é conselheiro do Conselho de Educação do DF, o modelo desenvolvido no ensino médio, voltado para o vestibular, é ultrapassado. “O ensino superior não é para todos em nenhum país do mundo. Na França, por exemplo, há cerca de 18 currículos. No Brasil, um aluno do ensino médio é considerado um herói. Estuda física, química, matemática, sendo que nem será a área dele. Aprende muita coisa e não se aprofunda em nada. Esperamos que as escolas privadas também entrem nesse modelo de cursos técnicos”, sugere Megiorin.

Austeridade

O governo está impedido de contratar mais servidores. Em maio deste ano, pelo segundo quadrimestre consecutivo, os gastos do governo de Brasília com pessoal ficaram acima do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (46,55%). O Executivo comprometeu 47,08% da receita corrente líquida com o pagamento de servidores na média dos últimos 12 meses. Nos primeiros quatro meses deste ano, R$ 8,8 bilhões foram destinados à folha de pessoal. A receita corrente líquida — composta por tributos e transferências da União, além da despesa total com pessoal dos últimos 12 meses — foi de R$ 18,8 bilhões no período.

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